História e Património das "Terras de Algodres"
(concelho de Fornos de Algodres)
ed. Nuno Soares
Contacto: algodrense(at)sapo.pt

Domingo, 8 de Novembro de 2009
Notícias de outros tempos (5)

 

 

“A reforma administrativa ameaça tornar o paiz n’um vulcão.

 

Conselhos da mais antiga gerarchia, conselhos filhos legitimos de El-Rei D. Diniz, desapparecem na voragem titanica dos cortes administrativos.

 

O sr. João Franco não respeitando as cans d’esses Mathusalens da concelhia d’esses contemporaneos do rei poeta, extermina-os como quem extermina perús em vespera de natal, ou … certos bichos em estalagem de provincia.

 

As consequencias não se fizeram esperar.  Fornos d’Algodres protestou.

 

Mas os senhores fazem lá ideia de que é Fornos d’Algodres a protestar!  A terra do alho, a terra em que nasceu o mais armilinico dos escriptores da actualidade, a terra que primeiro contemplou o mais espicolondrifico dos philosophos, a terra que ouviu os primeiros vagidos poeticos do mais espiritual dos poetas, a terra, finalmente, que foi berço de Alberto Cantagallo, não protesta como qualquer outra.

 

Fornos d’Algodres protesta com energia, protesta á antiga portugueza, protesta furiosamente e … até hontem á noite já tinha gasto 775 em telegrammas para o Seculo.

 

Bem diz o Correio da Noite – a revolução alastra.”.

 

OAntonioMaria_18950726_p94.jpg

 

(in O Antonio Maria, 26 de Julho de 1895, pp. 91 e 94)

 

 

 

Anotação:

 

Uma das curiosidades que esta sátira suscita, prende-se com a identificação do escritor nela referido como “Alberto Cantagallo”, alegadamente nascido em Fornos de Algodres.

 

Tendo em conta o perfil traçado e o nome de “Alberto Cantagallo”, é de admitir, como hipótese de trabalho, que se trate do escritor, publicista e político Alberto Bramão (D. Alberto Allen Pereira de Sequeira Bramão, 1865-1944), à época já bastante conhecido.

 

No ano imediato, Alberto Bramão publicou o livro A rir e a sério : o cantagallo (historia veridica de seus feitos) : theatros e touros : verdades e paradoxos (Lisboa, Liv. A. M. Pereira, 1896).

 

Até ao momento, não consegui, porém, apurar o local de nascimento de Alberto Bramão, informação que é omitida nas notas biográficas publicadas na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira (vol. 5, p. 20 e v. 39, p. 115) e no Dicionário Cronológico de Autores Portugueses (vol. II) (e ainda não tive possibilidade de consultar o Dicionário de escritores do distrito da Guarda, de Pinharanda Gomes ou outras fontes).

 

Talvez algum dos amigos leitores possa aqui esclarecer, em comentário, a questão da naturalidade do escritor Alberto Bramão. A ser certo que nasceu em Fornos de Algodres, estaríamos perante mais um ilustre filho do concelho, entretanto esquecido. Caso contrário, haverá que tentar outra interpretação para este texto d’ O Antonio Maria.

 

  

 

Aditamento:  uma dupla paródia  (2009-11-10):

 

Embora continue sem elementos para apurar o local de nascimento do escritor Alberto Bramão, julgo que esta sátira não se referirá, afinal, directamente à sua pessoa, mas sim a uma das suas criações: a personagem “Alberto Cantagallo”, que parodiava os poetas “nefelibatas” da época.  Tendo começado por ser apresentado em artigos de jornal, o pretenso poeta Alberto Cantagalo teve a sua “biografia” desenvolvida na primeira parte do livro A rir e a sério, acima citado.

 

Como ensina Fernando Guimarães (Poética do simbolismo em Portugal, Lisboa, INCM, 1990, pp. 58-59): “Outro caso curioso de paródia literária que correu por esta altura diz respeito à publicação de textos poéticos por Alberto Bramão, os quais foram atribuídos a Alberto Cantagalo. Refira-se como curiosidade que em tais textos se chega a explorar formas de natureza caligramática. Num livro publicado postumamente, Últimas Recordações (1945), há uma referência à colaboração de Alberto Bramão no jornal Universal, onde iniciara a sua “campanha de troça aos chamados nefelibatas”. Foi aí e nas Novidades que apresentou, “em artigos com amostras de versos, o grande nefelibata Alberto Cantagalo”. Este Cantagalo teria tido existência real, compondo para ele, Alberto Bramão, alguns versos que lhe eram, assim, atribuídos para que pudesse ter – como refere – “êxitos de bobo”. Apareceram então nos referidos jornais “trechos de poesia aliterante, funílica, piramidal, lunar, e até da poesia humana, isto é, versos do feitio da gente, vendo-se em forma gráfica duas figuras, uma de homem grave e outra de bailarino, para dar as duas modalidades, tristeza e alegria, que são os dois pólos entre os quais se agita o espírito de todos nós” (em nota de rodapé: Últimas Recordações, Lisboa, 1945, p. 141.)”.

 

Este texto d’ O Antonio Maria envolverá assim, ao que parece, uma dupla paródia: uma sátira aos protestos do “Portugal profundo”, que chama à colação a figura caricatural do pseudopoeta Cantagalo, criado por António Bramão.

 

Logo que me seja possível consultar o livro A rir e a sério : o cantagallo (historia veridica de seus feitos)… aqui darei conta das passagens que, eventualmente, se relacionem com Fornos de Algodres.

 



publicado por algodrense às 11:10
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Sábado, 7 de Novembro de 2009
Notícias de outros tempos (4)

  

 

OAntonioMaria_18820817_p266.JPG

 

(in O Antonio Maria, 17 de Agosto de 1882, p. 266)

 

 

 



publicado por algodrense às 10:03
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Notícias de outros tempos (3)

 

 

“A criada Benedita do sr. conselheiro Francisco Abreu Castelo Branco retirou-se para a casa paterna em Celorico, onde teve uma criança que abandonou nas rochas; quando lha levaram a casa e a mostraram, pegou numa faca e matou-se”   (Carta de Fornos de Algodres, in A Actualidade, Porto, nº. 251, 1880).

 

(notícia enviada pelo nosso Amigo Alex)

 



publicado por algodrense às 09:33
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Sexta-feira, 6 de Novembro de 2009
Notícias de outros tempos (2)

 

 

“O padre José Custódio, cura de Fornos de Algodres, está suspenso desde a Convenção, e não satisfeitos com isto alguns anarquistas daquela vila entraram pelo telhado da casa do dito Padre para o assassinarem, ao que pôde escapar milagrosamente”   (in Eco, Lisboa, nº. 150 (7 de Janeiro de 1837), p. 2533).

 

(notícia enviada pelo nosso Amigo Alex) 

 



publicado por algodrense às 06:19
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Quinta-feira, 5 de Novembro de 2009
Notícias de outros tempos (1)

 

 

“Na ocasião em que marchou uma força armada da Guarda Nacional de Villamendo Tavares para a vila de Fornos d' Algodres a fim de perseguir os ladrões, o seu comandante mandou atirar e derrubar as cruzes e painéis de almas que se achavam pela estrada e que a piedade dos fiéis ali tinha colocado”   (in Eco, Lisboa, nº. 112 (25 de Agosto de 1836), p. 1919).

 

(notícia enviada pelo nosso Amigo Alex)

 



publicado por algodrense às 06:31
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