Necrópole medieval (sécs. VII – IX ?) – Forcadas (Matança).
Alcandorada no topo da íngreme Barroca, Algodres é também procurada pelos amantes dos “desportos radicais”, como pode ler-se aqui.
No passado dia 13, finou-se o Arqueoblogo, um dos “clássicos” da nossa blogosfera e um sítio de referência em matéria de Arqueologia e Património da Beira Interior. Como “nada é para sempre”, nem mesmo as ausências, o link para o Arqueoblogo ali fica, na esperança de que o Marcos Osório o venha a ressuscitar.
Fomos brindados com mais um link num blog BB (Bom e Beirão, claro...). O nosso muito obrigado ao dinâmico responsável pela Sebentaria.
Informa a lista Archport que a ARA - Associação de Estudo Desenvolvimento e Defesa do Património da Beira Interior - já tem à venda o volume das actas das II Jornadas de Património da Beira Interior, realizadas na Guarda, em Outubro de 2004 e subordinadas ao tema “Lusitanos e Romanos no Nordeste da Lusitânia”. Podem também ser adquiridas junto da ARA as actas das I Jornadas de Património da Beira Interior e o Catálogo da exposição itinerante 25 Sítios Arqueológicos da Beira Interior. Esta exposição irá estar patente no CIHAFA (Centro de Interpretação Histórica e Arqueológica de Fornos de Algodres), entre 08 e 22 de Outubro p.f..
Mais informações pelo mail: associacaoara(at)hotmail.com.
Ao Blog do Alex, pela simpática referência de 25 de Junho p.p. e ao beirão Joaquim Batista, que cometeu a imprudência de nos brindar com um link no Idanhense.
Castelo em origami - por Luz Rocha
Exposição: “Ao alcance de uma folha de papel”,
patente no CIHAFA até 30 de Setembro de 2005
(mais informações no site da CMFA).
colaboração de Albino Cardoso
Sendo comprovadamente Algodres uma vila muito importante pelo menos desde o século XII, por que razão não tem, assim como as vilas vizinhas: Linhares, Celorico e Trancoso um castelo, ou ruínas dele?
Quanto a mim e corroborando a tradição oral teve-o: “e com as suas pedras se construiu a igreja da Misericórdia no século XVII” (MARQUES, Terras de Algodres, 1938). Questionamo-nos então: seria um castelo tão pequeno que unicamente deu para construir a igreja?
Na realidade eu creio que Algodres terá sido fundada durante a romanização, tendo por sua vez os conquistadores suevos ou godos, quando convertidos ao cristianismo, aí instituído uma igreja junto a qual cresceu a povoação, por essa altura não seria muito grande mas era na igreja de Santa Maria que receberiam os sacramentos os povos já convertidos das antigas “villae fundadas pelos romanos” da nossa região.
É muito provável que, e embora com alguns intervalos, esta região tenha continuado a prosperar durante o domínio muçulmano: a tradição, as lendas e toponímia, entre a quais a da própria vila, a essa conclusão nos levam. Creio que terá sido a partir dessa altura que se começaria a notar a falta de algum sistema defensivo para proteger os habitantes do lugar. Nesses tempos era dentro das igrejas que se fortificavam as gentes nas povoações relativamente pequenas, pois eram edifícios sólidos e com relativamente poucas aberturas. No entanto, com o passar do tempo e com crescimento da vila, deverá ter-se construído uma torre com algumas muralhas junto da igreja, onde hoje se encontra a Misericórdia “que o povo chama lugar do castelo” .
Há algum tempo atrás investigando a área e descendo pela quelha junto ao adro da referida Igreja da Misericórdia pude ver e fotografar um muro relativamente alto e que é o suporte do referido adro. Sem querer afirmar, presumo que esse muro será parte da antiga muralha do castelo de Algodres (deixo aos especialistas o estudo e a confirmação ou não deste facto), pois aquando da construção da referida igreja, não havendo muitos recursos e tendo até que usar as pedras do referido castelo, custa-me muito a crer que tenha sido por essa altura construída a muralha onde esta implantado o adro “e belíssimo mirante” da nossa antiga vila.
Esta torre e muralhas deixaram de ter sentido defensivo com o passar dos tempos, pois não havendo guerras e tendo a fronteira sido expandida para as “terras de Riba Côa” ao castelo de Algodres terá acontecido o mesmo que a outros que sabemos terem existido e hoje deles poucas ruínas restam, casos como: Azurara (Mangualde), Aguiar da Beira, Folgosinho, etc..
Capela de Nª. Srª. da Encarnação (séc. XV),
Casal Vasco - Postal, s/d, ed. CMFA.
Embora por vezes ignorado, certo é que muito antes de os Noronhas, condes de Linhares da Beira, terem sido senhores de Algodres, desde fins do séc. XVI, já o tinham sido os Cáceres, pelo menos desde fins do séc. XIV, estes originários do antiquíssimo solar desta família na freguesia do Casal Vasco, termo daquele antigo concelho.
O primeiro Senhor documentado foi: Álvaro Mendes de Cáceres (NFP, vol.III, pag.168), tendo o senhorio continuado na mesma família pelo menos mais duas gerações. Esta família, com origens em Castela (ou Vascongadas), tem comprovado o seu ramo português desde o princípio do séc. XIV quando Gonzalo de Cáceres fundou o solar da sua família no "casal do vasco", foi o bisavô do referido Álvaro que, para alem de Algodres, foi também Senhor de Meadas e de Pena Verde.
Embora sem certezas absolutas, creio que estes Cáceres estão na origem do Casal Vasco (no entanto o mais provável será que tenham edificado o casal nas ruínas de uma villa agrícola romana, que se encontraria em ruínas desde o tempo dos mouros; em documentos do séc. XIV chamava-se este lugar Casal Vasio). Embora se diga que são originários de Castela, eu suponho que o seriam das Vascongadas hoje País Basco: já o Monsenhor Pinheiro Marques no seu livro "Terras de Algodres" afirmava que a aldeia teria tido origem num casal que teria sido propriedade de um Vasco e daí o nome terá evoluído de casal do Vasco, para Casal Vasco. Ora como não encontrei nesta família nenhum Vasco de nome e como não há nenhuma evidência de nenhuma outra família senhorial aí ter vivido, a explicação que eu encontro é que sim, a fundação deste casal foi por um vasco, não de nome, mas sim de origem: vasco ou basco das Vascongadas.
O ramo varonil desta família terá terminado em meados do séc. XVI (essa segundo eu a razão do senhorio ter passado para os Noronhas), pois o ultimo documentado foi Simão Cardoso de Cáceres, em 1520 (Genea ...). Entretanto D. Afonso V já tinha mandado passar carta de brasão de armas de mercê nova em 1459 a Álvaro Gonçalves de Cáceres que era cronista - mor do reino ( DFP, Luís de Lancastre e Távora, Quetzal editores, 2ª. edição, Lisboa).
Quando o morgadio desta familia se extinguiu, o património dela foi incorporado no da Casa da Ínsua (Penalva do Castelo) que se tornou proprietária de todos os seus bens, passando a partir de então a usar também o nome de Cáceres que pela sua antiguidade era um dos mais importantes do reino e bem assim tomou posse do solar do Casal Vasco, tendo-lhe então adicionado o brasão daquela casa. Este solar encontra-se hoje bastante arruinado e a pedir urgentemente obras (por que não transformá-lo em turismo de habitação?). Seria de grande interesse, pois creio que deverá ser o único no nosso município em que está comprovada a origem de uma família portuguesa.
Além do solar existe a capela de Nª. Sª. da Encarnação, onde foi instituído o morgadio dos Cáceres e que, felizmente, a Casa da Ínsua cedeu ao município de Fornos de Algodres e hoje se encontra restaurada e conservada. É uma bela capela medieval com ameias e que muitos "Algodrenses" desconhecem.
NFP = Nobiliário das Famílias Portuguesas
DFP = Dicionário das Famílias Portuguesas
Genea = Portal de Genealogia.
Este blog pretende tornar-se um ponto de encontro de todos os que se interessam pelas temáticas relacionadas com as Terras de Algodres e sobre elas querem partilhar estudos, informações, comentários ou opiniões.
Assim e de acordo com o Estatuto Editorial publicado em 2 de Maio p.p., renova-se o convite à participação de todos os interessados e ao envio de materiais para publicação.
Os textos assinados são naturalmente da exclusiva responsabilidade dos respectivos autores. Provavelmente, nem sempre as opiniões expressas - a começar pelas do editor do blog - merecerão consenso geral, o que é normal e salutar. Mas todas as contribuições fundamentadas serão bem-vindas e da maior relevância para o enriquecimento do debate e do conhecimento sobre a nossa região.
Um blog sobre Algodres orgulha-se de iniciar hoje a publicação de estudos enviados pelos n/ leitores para o e-mail do blog. O primeiro texto recebido é da autoria de Albino Cardoso e será publicado dentro de momentos.
Ficamos a aguardar novos contributos do n/ amigo Albino Cardoso e de todos os que queiram seguir-lhe o exemplo.
Muito obrigado ... e mandem sempre!
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