Criado pelo Arqueólogo António Tavares, de Mangualde, apresenta-se como um “espaço para reflexões sobre temas de História, Arqueologia, Património Local e outras ciências sociais”.
Calçada romana - Fornos de Algodres (foto tirada daqui)
(colaboração de Albino Cardoso)
Consultando documentos e informações, sobre as vias romanas conhecidas na nossa região, ficamos a saber que existem vestígios e documentos que referem pelo menos duas estradas romanas, com passagem no que é hoje o concelho de Fornos de Algodres.
Uma delas era a que de Viseu se dirigia a Trancoso, onde entroncava na via "Bracara Augusta" (Braga) - Egitânea (Idanha) - Mérida, e passava por Matança, Forcadas, Alpedrinha (Maceira), Quinta da Mata Gata (Mata) e Sobral Pichorro.
A outra, vinda também de Viseu, dirigia-se a Celorico, passando por Infias, Fornos, Figueiró da Granja e atravessava o Mondego, já no concelho de Celorico, pela ponte da Lavandeira, entroncando também na referida via Braga - Mérida.
Em nenhum dos trabalhos sobre as vias romanas por mim conhecidos, são referidas as travessias do rio Mondego pelas pontes romanas de: "juncaes" (Juncais) e da Ponte Nova, talvez pelo facto de que dessas construções já nada resta, pois foram destruídas aquando da terceira invasão francesa, em 1810. As pontes existentes, a de Juncais foi construída em meados do século XIX, durante o governo de Costa Cabral (natural de Fornos de Algodres), e a da Ponte Nova já na ultima metade do século XX.
Quanto a via romana que atravessava a ponte de Juncais, pelos restos de calçada existentes junto a Fornos Gare, e a outros agora soterrados pela nova Avenida 25 de Abril, em Fornos, mas que ainda se podiam ver na década de setenta do século passado, somos levados a concluir que, da via Viseu - Celorico, em Fornos partia outra em direcção a Linhares, que passando pela referida ponte seguia por Juncais e Mesquitela.
Já da que atravessava o Mondego na Ponte Nova, suponho que derivaria da referida via Viseu - Celorico, partindo da Várzea de Tavares, passava pela Ponte Nova, Vila Franca da Serra, Vila Ruiva da Serra e Carrapichana, onde se juntaria a via Viseu - Linhares ou à anterior vinda de Fornos.
Estas vias romanas, embora de certa forma secundárias, vêm no entanto dar relevo ao facto de que havendo férteis vales junto aos nossos rios e ribeiras, o nosso município já era muito povoado durante a romanização. Embora se não conheçam vestígios de nenhuma "civitas", estão documentadas pelo menos as "viccus" (aldeias) de "Alboni" (Infias) e "Torre" (Figueiró da Granja), e, não havendo nenhuma mais, havia inúmeras "villae" (propriedades agrícolas) de onde mais tarde evoluiram as nossas aldeias e vilas, pois em quase todas elas há referências toponímicas e documentos arqueológicos que o comprovam.
2005-11-14
Fornos de Algodres - Postal, s/d, ed. CMFA.
Anta das Corgas - Matança.
(colaboração de Albino Cardoso)
Para se conhecer a evolução humana no município de Fornos de Algodres, de há cerca de cinco mil anos para cá, não é preciso andar muitos quilómetros. Basta percorrer o território do que foi a antiga "terra da Matancia"; concelho medieval com foral dado por D. Afonso III em 1358, mais tarde confirmado por um outro em tempo do rei D. Manuel I, e que hoje é uma freguesia do concelho de Fornos desde 1836.
Ainda antes de se chegar à antiga vila e seguindo por um ramal, identificado e pavimentado, podemos admirar a imponente e antiquíssima Anta das Corgas, escavada e documentada desde o Neolítico e com utilizações no Calcolítico.
Já à entrada da Matança e antes de passarmos a ponte romana de um arco, temos ao lado direito a antiga Igreja românica de Santa Maria Madalena, com portal de arco pleno e campanário de três ventanas.
No centro da povoação e rumando para as Forcadas passamos pela praça onde outrora estava a casa da Câmara e onde ainda podemos admirar o alto e original pelourinho do século XVI.
Nas Forcadas, aldeia de casas graníticas, podemos observar nalgumas os sinais da presença judaica, com símbolos de cristãos novos e, relativamente perto, interrogarmo-nos na vasta necrópole acerca das sepulturas escavadas na rocha.
Voltando à Matança e seguindo em direcção a Matela, passamos junto à antiga fonte e chafariz de cristalina água, antes de observarmos os restos da antiga estrada romana e a bela ponte de dois arcos, depois da qual se encontra a singela mas antiga capela da Senhora dos Milagres.
Saiamos agora da aldeia que já foi vila e pela estrada que nos levará à Fonte Fria, paremos na frescura dos pinheiros e prestemos atenção à bela capela barroca de São Miguel, com magnífico frontão com volutas.
Já bem perto daquela pequena aldeia, dá-nos as boas vindas, com os braços abertos, um antigo cruzeiro, no recinto da Santa Eufémia.
Ao fundo, a capela românica, com o seu portal ogival e a cachorrada da capela mor, que segundo uma lenda tentaram construir no cume do monte Milho.
E por falar em lendas, porque não visitar também o Penedo Furado e recordar a sua lenda e tradição.
Na freguesia da Matança, para além do mencionado, podemos comprar o belíssimo queijo "Serra da Estrela" e admirar a confecção artesanal de cestos e "canastros" e outros objectos em verga, que serão provavelmente vestígios hebraicos.
Espero ter feito um resumo detalhado, mas simples, das marcas que a história deixou nestas terras e com isto talvez despertar a curiosidade de possíveis visitantes. Assim o nosso município saiba promover mais eventos para a sua divulgação, trazendo com eles investidores e visitantes.
Faço votos de que a nova auto-estrada que irá servir o nosso concelho, sirva muito mais para trazer-lhe desenvolvimento e visitantes, do que para que os naturais de terras com tanta história e património, rumem definitivamente para outras paragens.
2005-11-05
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