História e Património das "Terras de Algodres"
(concelho de Fornos de Algodres)
ed. Nuno Soares
Contacto: algodrense(at)sapo.pt
Terça-feira, 28 de Fevereiro de 2006
A Santa Casa da Misericórdia de Algodres

Misericordia-interior1.JPG

 

Igreja da Misericórdia de Algodres - interior  (Dezembro de 2005).

 

(colaboração de Albino Cardoso)

 

 A provar que, em princípios do século XVII, a vila de Algodres ainda era mais importante que Fornos, temos que foi naquela vila que se instituiu a mais antiga Misericórdia do nosso actual município. Enquanto a Misericórdia de Fornos só foi instituída canonicamente em 1666 (embora na memória paroquial de 1758 se diga que foi em 1668), a de Algodres foi fundada em 1621 e instituída canonicamente em 1622, por várias personalidades do concelho e não só, entre elas o Vigário da vila e o Abade da vila de Infias. No entanto, o Vigário António Pires Pereira, em 1758 (Memória Paroquial), refere que esta irmandade foi criada em 1615 e já nessa altura ficou possuidora de vários prédios rústicos  (provavelmente doados).

 

 O edifício da Santa Casa e o templo terá sido edificado em princípios do século XVIII, com as pedras do arruinado castelo de Algodres (é de crer que terá sido uma torre medieval com algumas muralhas). É um edifício da fase final do barroco. Tem um campanário geminado em arco completo com algum trabalho de cantaria e rematado por um pináculo. Sobre o portal de verga recta encontra-se um frontão interrompido tendo ao centro uma "vieira" ou concha. A fachada é rematada por uma cornija e uma cruz trilobada. Do lado oposto ao campanário encontra-se um púlpito exterior, que o povo identifica como "Varanda de Pilatos", com alpendre, sobre um nicho onde se coloca um quadro da via sacra.

 

 No interior, para além dos altares em talha dourada e alguma imaginária, encontra-se um tríptico com algum valor artístico, atribuído à escola de Grão Vasco. Sob o altar-mor conserva-se num túmulo uma imagem de Cristo morto.

 

 Em frente à igreja ergue-se, sobre uma base, um cruzeiro granítico, também com  cruz trilobada.

 

 Pela antiga vila encontram-se distribuídos outros nichos da via sacra, onde, à semelhança do da igreja, se colocam  quadros da Paixão, sendo visitados pela procissão que se realiza durante a Semana Santa, enquanto se entoam cânticos autóctones, intitulados pelo nosso povo por: "regrar os passos". Esse cortejo termina no Terreiro da Misericórdia, sito no lugar de S. João.

 

  Neste terreiro, para além dos três cruzeiros do calvário, em granito, existe, em plano mais elevado, servido por uma escadaria, uma capela dedicada à Senhora das Dores ou do Pé da Cruz; com um elegante alpendre e um portal em arco de volta completa.

 

 O terreiro, murado, onde se realizam as festas da localidade, é um belo recinto arborizado por vários cedros e ciprestes que, a destoar, teve até há pouco tempo um palco, construído em betão, ao lado da capela, que em boa hora tiveram a feliz ideia de retirar. 

 

 Albino Cardoso

 

2006-02-10

 


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Sábado, 4 de Fevereiro de 2006
Evocar a memória de Manuel de Pina Cabral (1746 – c.1810)

autografo.jpg

 

 

 

 (colaboração de João Rocha Nunes)

 

Comemoram-se no presente ano de 2006, 260 anos da data de nascimento de Manuel de Pina Cabral. Este distinto latinista do século XVIII nasceu em Matança, mais concretamente no local de Fonte Fria, no ano de 1746. Oriundo de uma família de lavradores, eclesiásticos e militares, fez os primeiros estudos nesta localidade, tendo mais tarde, na década de 60, ingressado no curso de cânones da Universidade de Coimbra. Data precisamente deste período a relação de amizade que estabelece com Frei Manuel do Cenáculo, distinta figura das letras do século XVIII. A pouca vocação que sentia em relação ao curso e a relação de amizade com Manuel do Cenáculo, que aliás se manteria por toda a vida do canonista, foram determinantes para o abandono da Universidade e ingresso na Ordem Terceira de S. Francisco, prosseguindo aqui o estudos de Filosofia e Latim. Foi um dos mais brilhantes alunos da Ordem Terceira. O conhecimento da língua latina (era um dos especialistas  do seu tempo) foi determinante para que tivesse sido o autor de um novo léxico de latim  -  o Magnum Lexicon. Esta monumental obra foi deveras importante no panorama das letras portuguesas do século XVIII e XIX, contando-se 11 edições que bem atestam a relevância da obra. Foi igualmente tradutor e autor de uma gramática latina, sob o pseudónimo de António de Pina Andrade. A importância de Pina Cabral não tem a ver apenas com a sua obra. Na Ordem Terceira fez uma carreira notável, que de simples estudante no colégio da ordem de Coimbra chega, em inícios do século XIX, a provincial da Ordem, figura máxima da instituição. Desconhece-se a data da sua morte – deve ter ocorrido cerca de 1810, uma vez que a última carta que escreve a Manuel do Cenáculo data de 1807 e a edição de 1812 do Magnum Lexicon já não é revista pelo autor.

 

ANEXOS

 

 

Anexo1 – Registo de Baptismo de Manuel de Pina Cabral

 

fac_simile.jpg

 

 

 

 Anexo 2 – Magnum Lexicon (1ª Edição) – folha de rosto

 

 Capa.jpg

 



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Sexta-feira, 3 de Fevereiro de 2006
"Holocénico", agora em livro.

Holocenico.JPG

 

É hoje lançado em Lisboa o livro Holocénico (o Blog), que recolhe uma selecção das mais significativas entradas (e comentários) publicados, entre Fevereiro de 2004 e Março de 2005, no extinto blog: holocenico.blogspot.com.

 

 

  

 

Neste volume, de 267 pp., aparecem organizados temáticamente, em seis capítulos, mais de centena e meia de textos, com “... notas sobre arqueologia; sobre o seu ensino universitário e desempenho profissional; sobre património e produção do conhecimento”.

 

 

  

 

O autor, António Carlos Valera, é arqueólogo e director do GAFAL – Gabinete de Arqueologia de Fornos de Algodres.

 

  

 

O livro foi editado pela Era Arqueologia, em parceria com as Edições Colibri.

 



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