Túmulo com estátua jacente - Capela de Santo Cristo, Sobral Pichorro
(foto de Luz Rocha - Setembro de 2006).
O Município de Fornos de Algodres irá participar novamente, em 22 e 23 de Setembro p.f., nas Jornadas Europeias do Património, iniciativa anual do Conselho da Europa e da União Europeia que este ano se celebra sob o tema “Património (...) somos nós”.
As actividades do corrente ano são organizadas em colaboração com a associação de defesa do património cultural “Terras de Algodres”, recentemente constituída e contam com o apoio de diversas entidades.
O folheto com o Programa definitivo dos eventos pode ser obtido aqui.
Adenda (em 2006-09-24):
Um relato destas Jornadas - a que infelizmente não pude assistir - pode ser lido no Desassossegos.
(colaboração de Albino Cardoso)
Pelas Inquirições de D. Afonso III, de 1258, sabe-se que no limite do antigo concelho de Algodres já existia a aldeia do "Soveral" (presentemente Sobral Pichorro), por essa altura pertença da Igreja de "Sancta Maria" daquela vila, o que pressupõe que não possuísse paroquial por essa altura.
Não tenho nenhum conhecimento de que nessas Inquirições haja alguma referência à aldeia de Fuinhas. De facto essa aldeia então não existe, pois aquando da instituição da freguesia de Funha (hoje Fuinhas), creio que no século XV ou XVI (já existia em 1526, no Cadastro da População do Reino, de D. João III) era constituída pelos lugares de: Corugeira, Lameira, Casas e Santo.
É muito provável que, no século XIII, a área da actual freguesia de Fuinhas estivesse incluída na área da aldeia do "Soveral". Esta minha suposição baseia-se nos seguintes factos:
- Devido a ter sido propriedade da referida igreja de Santa Maria, de Algodres, ainda no século XVIII todos os habitantes do Sobral tinham que ir em voto aquela igreja, no dia 15 de Agosto e oferecer ao Vigário daquela igreja um frango ou galinha, como reminiscência do pagamento dos foros devidos pelo uso da terra (v. Mons. Pinheiro Marques, Terras de Algodres, pág. 290);
- Acontece que este mesmo voto e pagamento, tinha que ser feito também pelos moradores das Fuinhas (Mons. Pinheiro Marques, Terras de Algodres, pág. 290);
- Enquanto todas as freguesias do concelho de Algodres, sufragâneas da de Santa Maria, tinham que cumprir aquele voto, esse pagamento era unicamente feito pelos moradores do Sobral e Fuinhas;
- Ainda hoje o orago das paroquiais de Fuinhas e Sobral é o mesmo: "Nossa Senhora da Graça", o que é anormal para duas igrejas vizinhas e tão próximas;
- De notar, também, que embora essas paróquias possam ter tido oragos diferentes dos actuais, embora não conhecidos, estes denotam uma antiguidade pouco remota, pelo que o mais provável é que estas igrejas tenham sido fundadas já na idade moderna" (a igreja do Sobral Pichorro é barroca).
As únicas reticências posso encontrá-las no facto de a igreja das Fuinhas possuir rasgos do "Românico simples", mas isso, por si só, não indicia que seja da época medieval. O mais provável é que tenha sido construída mais tarde, copiando igrejas existentes na região, comprovadamente muito mais antigas, casos de Queiriz, Vila Chã, Cortiçô, Muxagata, etc., templos comprovadamente medievais.
A ser assim, o templo mais antigo na área das actuais freguesias do Sobral Pichorro e Fuinhas é, sem dúvida nenhuma, a capela de Santo Cristo, no Sobral. É uma pequena capela romano-gótica, que embora lhe tenham agregado registos "jesuíticos", possui ainda muito da sua primitiva traça. Pena é que algumas pedras que fariam recuar a fundação à época "visigótica", presentemente se encontrem irreconhecíveis, pois, tendo-se reconstruído a fachada na primeira metade do século XX, procedeu-se a algumas modificações bem desnecessárias. No entanto, essas pedras ainda podem ser vistas numa fotografia tirada nessa altura (pode ver-se no sitio: www.monumentos.pt).
No interior dessa capela em Sobral Pichorro, encontra-se um túmulo, com estátua jacente, que se supõe ter sido do fundador da capela. Ora, sabendo-se da existência da família "Soveral" na vizinha aldeia de Vila Chã, em épocas anteriores ao século XVI, será que esse túmulo é de algum Soveral, que tenha dado ou recebido o nome desta antiquíssima aldeia?
2006-08-30
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