(Senhorio dos Condes de Linhares)
O Dr. Pedro Pinto (CEH-UNL) enviou-nos mais uma informação, relativa a um documento com manifesto interesse para o estudo da história de Algodres: no IAN / Torre do Tombo, na Gaveta II, Maço 9, doc. 21, existe um documento de 16.5.1560, pelo qual o juíz das partilhas da fazenda deliberou que o Conde de Linhares recebesse a terra de Algodres, Pena Verde e Fornos, em sua vida, como as tiveram o Conde e Condessa de Linhares, que tinham falecido.
Anoto que o condado de Linhares foi criado em 1532, tendo sido 1º Conde deste título D. António de Noronha, que faleceu em 1551 (SARAIVA, 1994, p. 149). Este documento referir-se-á ao 2º Conde de Linhares, D. Francisco de Noronha, que terá falecido em 1573 (SARAIVA, 1994, p. 421).
Num outeiro da chamada serra de Belcaide, no limite da freguesia da Muxagata com a freguesia de Vila Chã, a toponímia e a memória popular registam a existência de uma torre. João de Almeida referiu a tradição da existência desta torre, que julgou teria servido de atalaia[i].
Numa interessante entrada deste blog, dedicada às Muralhas, Castelos e Torres em Terras de Algodres, Albino Cardoso propôs que a torre fosse denominada de Vila Chã, por estar no limite dessa freguesia ou por Torre de Belcaide, acrescentando sagazmente a dúvida: ...ou seria do alcaide?.
Em entrada hoje aqui publicada, foi divulgado um tombo da Ordem de Cristo, de Janeiro de 1508, que transcreve um tombo mais antigo, de cronologia indeterminada, o qual refere, na demarcação do termo da aldeia da Muxagata e no limite deste, uma torre do alcaide[ii], em localização compatível com a da torre acima mencionada. Parece assim seguro, ou pelo menos plausível, que, em momento anterior ao séc. XVI, o sítio se denominava torre do alcaide, denominação que proponho passe a ser atribuída à estrutura que ali terá existido.
Não tenho elementos que permitam esclarecer se o topónimo Belcaide poderá vir de alcaide, como parece sugerir a hipótese colocada pelo meu amigo Albino Cardoso. Anoto, apenas, que o topónimo Belcaide já existia, nessa forma, pelo menos em 1170, data em que foi outorgada uma carta de couto a Figueiró da Granja, a qual, na demarcação do respectivo termo, refere, designadamente ... et per illam stratam quae vadit ad Belcaire ...[iii]. Em princípio, não se afigura muito natural que, à época, já se tivesse registado uma evolução toponímica, de alcaide para belcaide, mas, as várias possíveis relações entre ambos os topónimos (ou a ausência delas) são questão em aberto...
Pedro Pina Nóbrega incluiu esta torre num recente estudo sobre a castelologia de entre Dão e Mondego, no qual coloca a hipótese de a mesma ter servido de atalaia, auxiliando um castelo principal, como o de Queiriz[iv].
É uma hipótese perfeitamente possível. No entanto - como também refere este autor - continua a ser muito difícil determinar, com um mínimo de segurança, o enquadramento cronológico, a funcionalidade e as inter-relações que terão estabelecido os castelos e torres da região, enquanto não forem elaborados, por ex., perfis altimétricos e obtidos elementos (arqueológicos, documentais, ...) que possam esclarecer as questões que se colocam à investigação. Há, nesta matéria, um imenso campo de trabalho, que ainda não começou a ser desbravado.
Para terminar, permito-me colocar, também, uma hipótese de trabalho sobre esta Torre do Alcaide - hipótese que assumo ser puramente especulativa, à luz dos dados actualmente disponíveis.
Como referi em entrada hoje aqui publicada, é sabido que as terras da Muxagata estavam, em meados do séc. XIII, na posse do alcaide-mor de Celorico da Beira, Fernão Rodrigues Pacheco, que as trazia como honra, não respeitando os direitos do concelho de Algodres (a cujo termo pertencia a Muxagata) ou os direitos reais.
Será possível que a chamada Torre do Alcaide, implantada bem no limite das terras da Muxagata, em local altaneiro e de grande visibilidade (de e para a envolvente do sítio), tenha sido mandada edificar (ou reconstruir) pelo referido alcaide de Celorico, como forma de afirmação, simbólica e de facto, do domínio senhorial que se arrogava?
Bibliografia e abreviaturas: v. entradas de 2005-05-09.
Brasão da freguesia da Muxagata
(imagem obtida no site da CMFA)
O topónimo Muxagata aparece registado, na forma actual, pelo menos desde 1258, embora fosse então grafado, indistintamente, como Muxagata ou Moxagata[i]. As variantes referenciadas por Mons. Pinheiro Marques[ii] resultarão pois, ao que parece, de corruptelas assacáveis aos escribas, não correspondendo a qualquer evolução toponímica.
Segundo A. de Almeida Fernandes, este topónimo derivará do nome pessoal de povoador. Virá do nome latino Mucia, sendo Gata alcunha[iii].
Ao que tudo indica, a Muxagata sempre terá integrado o termo do concelho de Algodres.
Nas Inquirições de D. Afonso III, de 1258[iv], já se afirmava, expressamente, que a aldeia de Muxagata era do termo de Algodres e que (à semelhança das demais terras do concelho) era foreira e devia dar ao Rei jugada, voz e calúnia, hoste e anúduva[v] [vi]. De acordo com as referidas Inquirições, a aldeia estaria, porém, na posse de Fernão Rodrigues Pacheco[vii] e outros homens de Celorico, que a traziam como honra, não pagando os direitos reais. Pelo seu interesse, reproduz-se, na parte pertinente, o teor do documento:
(...)
Donnus Vicencius, de Algodres, juratus et interrogatus, dixit (...) quod aldeya de Muxagata est de Algodres foraria Regis, et solebat dare Regi jugatam, et vocem et calumpniam, et hostem et anuduvam Regi. Et modo Fernandus Roderici Pacheco et alii homines de Celorico habent ipsam aldeyam et nullum forum faciunt Regi, nisi quod dant in collecta et dant in renda.
Martinus Johannis, judex de Algodres, juratus, dixit similiter super Moxagata.
(...).
É provável que o abuso do alcaide-mor de Celorico tenha sido reprimido e que os direitos reais sobre a Muxagata tenham sido restabelecidos, mas a evolução histórica posterior é em geral desconhecida até ao séc. XVI.
Recentemente, foi publicado um documento elaborado em Janeiro de 1508, de capital importância para a história da Muxagata. Trata-se do Tombo dos bens pertencentes à Comenda de Santa Ovaia, da Ordem de Cristo, cuja cabeça estava localizada em Santa Ovaia, Seia[viii].
(GONÇALVES, 2006)
Nos fólios 6vº e 7 deste documento[ix], o arrolador transcreve um tombo antigo daquela Ordem, de cronologia indeterminada (mas seguramente anterior ao séc. XVI). O tombo refere-se detalhadamente à Muxagata, do termo de Algodres e por ele ficamos a saber que o lugar estava, na sua quase totalidade, na posse da Ordem de Cristo, exceptuadas algumas herdades dizimeiras que identifica. O documento tem especial interesse por descrever, minuciosamente, os limites do território da Muxagata (que seria aproximadamente o actual) e alguns bens nele existentes. A definição das estremas, dá preciosas indicações toponímicas (muitas das quais permaneceram quase inalteradas...) e outras sobre a titularidade das terras. Neste tombo, a Ordem de Cristo arroga-se o senhorio da dicta aldea e termo deuisado[x]. Trata-se porém de uma afirmação que deve ser entendida com algum cuidado. Antes de mais, o próprio tombo, logo de seguida, exclui, do senhorio saluo destas herdades dizimeiras que nom haa a hordem dellas nenhuua cousa. E refere também que a Ordem estava obrigada a pagar anualmente ao concelho de Algodres, por estes casaaes que jazem no seu termo (...) pera el rrey dez liuras da moeda antijgua porque asi tem elles huu estromento que lhes fez lopo ferreira. Ou seja, o senhorio da Ordem sobre as terras da Muxagata, não só não era total, como não era pleno. A Ordem estava obrigada a comparticipar, com dez libras, no pagamento das rendas a cargo do concelho de Algodres, pelas terras que possuía no termo concelhio. Possivelmente, essas terras ter-lhe-ão sido transmitidas oneradas com tal encargo. Por outro lado, nada indica que a Ordem exercesse a jurisdição no termo da Muxagata[xi]. Assim, não parece que a Muxagata pudesse ser qualificada como um verdadeiro couto da Ordem de Cristo, não obstante os latos direitos que a Comenda de Santa Ovaia aí detinha.
Na expectativa de que outros mais abalizados o possam analisar e comentar, aqui registo o teor do referido tombo, na parte respeitante à Muxagata[xii]:
(...)
¶ no dicto tombo antijgo da hordem se achou mais huuas verbas que dizem asy.
¶ jtem este logar de moxagata he todo demarcado sobre si per estas diuisõoes que se ao diante seguem./
primeiramente compeça se a diuisom na cabeça do gato per onde parte o termo de çellorico com o d algodres. e des i vai sse per onde chamam a lagea da silua. e des i pella cabeça do feital. ende pello cume da fançelheira. e torna se a fundo pella malhada de martim gago e vai sse ao picoto do monte e ali parte com herdade da hordem de sanctiago. e dali vai sse aa mouta de pero caralho e des i aa lagea da sertãae e ali parte com herdades do soueral. e dali vai sse ao cabeço dos marcos e des i aa torre do alcaide[xiii] e vai sse aas malhadas de Rabi galgo[xiv]. e des i pello cume da arrotea. e vai sse aa cabeça do crasto[xv] e torna sse aa Ribeira honde chamam os termos. e ali parte com herdade do moesteiro de sam joam de tarouca e vai sse pella fonte do barreiro e pella cabeça do florido e des i aa dicta cabeça do gato honde se compeçou a dicta diuisom./
¶ jtem em este logar e termo delle jazem peça de herdades dizimeiras as quaaes se ao diante seguem./
primeiramente estam na dicta aldea sete casas dizimeiras. a saber. huua de martim bras e parte de todollos cabos com outras da hordem.
jtem outra d aluaro paaez.
jtem outra de joham steuez.
jtem outra dos filhos de martim agosto.
jtem outra de gonçallo de coa.
jtem outra d afonsso gonçalluez
jtem outra d auiziboa dominguez.
jtem mais huuas casas que estam fora da aldea que som de lourenco dominguez e de pero farinha
jtem huua herdade que jaz na arrancada. e chega ao\\
porto da vide.
jtem outra que jaz na mouta Redonda e chega atee o moinho Ribado.
jtem outra que jaz nas fedegosas e outras courellas peça dellas que jazem pello dicto termo./
¶ mais haa a hordem o senhorio da dicta aldea e termo deuisado. saluo destas herdades dizimeiras que nom haa a hordem dellas nenhuua cousa./
¶ jtem a hordem haa no dicto logo o montado d alguum gaado de fora parte que nom seja vezinho. se entra dentro no termo da dicta aldea e nom se auier com o senhorio. pagaram çinquo carneiros de cada huu fato. e se for fato [d]e uacas. pagara huua vaca:
[¶ a] hordem paga em cada huu anno ao conçelho d algo [...]or estes casaaes que jazem no seu termo. leuam por elles [...]nta pera el rrey dez liuras da moeda antijgua. e [...] [p]agando aos xv dias de março: logo no outro dia som [...] . que asi tem elles huu estromento que lhes fez lopo ferreira.//
(...)
Para os períodos subsequentes, voltam as escassear os dados históricos referentes à Muxagata. O chamado Cadastro da População do Reino, de 1527 (numeramento ordenado por D. João III), confirma, como refere Mons. Pinheiro Marques[xvi], que a Muxagata continuava integrada no termo do concelho de Algodres. O mesmo afirmam, em 1758, as Memórias Paroquiais de Algodres e da Muxagata[xvii] (sendo então o concelho de Algodres da Casa do Infantado), bem como todos os demais documentos conhecidos. Com a extinção do concelho de Algodres, passou a Muxagata a integrar o concelho de Fornos de Algodres, como freguesia, situação que hoje mantém.
Bibliografia e abreviaturas: v. entradas de 2005-05-09.
[i] Cf. PMH-INQ, p. 790.
[ii] MARQUES, 1938, P. 318.
[iii] Cf. FERNANDES, 1999, p. 438. Anote-se a existência na zona de outros topónimos eventualmente relacionados, como Cabeço dos Gatos (cf. C.M.P., fl. 191) e Quinta da Mata Gata (antiga denominação da vizinha povoação da Mata, na freguesia de Sobral Pichorro cf. MARQUES, 1938, p. 317).
[iv] PMH-INQ, p. 790.
[v] Em termos muito genéricos, estes tributos podem ser assim caracterizados: anúduva imposto que incidia sobre os Peões, que eram obrigados a trabalhar na construção e reparação de castelos e outras obras militares (cf. DHP, vol. I, p. 161); hoste prestação de serviço militar (cf. DHP, vol. II, pp. 226-227); jugada imposto pago por cada junta de bois, que recaía principalmente sobre as terras dos Peões, porque os Cavaleiros-Vilãos estavam em regra isentos do seu pagamento (cf. DHP, vol. III, p. 415); voz e coima (ou calúnia) - multas que sancionavam a prática de infracções criminais (cf. DHP, vol. VI, p. 343).
[vi] As Inquirições de 1258, registam da seguinte forma os direitos reais então devidos pelo concelho de Algodres (que tinham sido revistos por D. Sancho II): (...) Item dixit quod dant Domino Regi modo in renda de Algodres C. libras pro jugatis et voce et calumpnia, et dant in collecta Regis, cum Fornos et cum termino de Algodres, quadraginta et quinque morabitinos de viginti et septem solidis pro morabitino. Interrogatus cum quo Rege fuerunt arrendati pro centum morabitinis, dixit quod cum Domino Rege Sancio fratris istius Regis. Interrogatus si vadunt in hostem et anuduvam, dixit: vadunt. Interrogatus de aliis foris Regis, dixit quod nullum aliud forum faciunt Regi. (...) (PMH-INQ, p. 790).
[vii] Fernão Rodrigues Pacheco, ilustre antepassado do nosso concidadão blogosférico JPP , era o poderoso alcaide-mor de Celorico da Beira, famoso por ter sido (com Martim de Freitas, de Coimbra) um dos alcaides que suportaram cercos e só entregaram os respectivos castelos, a D. Afonso III, depois da morte de D. Sancho II, de quem os tinham recebido e a quem tinham prestado menagem (v., por ex., RODRIGUES, 1979, pp. 60-63).
[viii] IAN/TT, O.C./C.T., livº. 276, fls. 1-50v., publicado em: GONÇALVES, 2006, pp. 5-69, com transcrição de Alice Borges Gago e Albertina Tapadinhas.
[ix] As responsáveis pela transcrição do documento anotam que o texto tem uma quebra no fl. 5vº., pelo que os fólios imediatamente anteriores ao fl. 6 estarão em falta. Não é possível determinar se esses fólios conteriam referências à Muxagata ou a outras terras de Algodres.
[x] O que talvez explique a afirmação de João Maria Baptista de que a Muxagata terá sido couto, que Mons. Pinheiro Marques pensou ser engano (cf. MARQUES, 1938, p. 318).
[xi] Quando assim era, os tombos não deixavam de o referir expressamente cf., por ex., GONÇALVES, 2006, pp. 121, 166, 205, ....
[xii] Cf. GONÇALVES, 2006, pp. 11-13.
[xiii] De que falaremos na próxima entrada deste blog.
[xiv] Este topónimo não deixará de chamar a atenção do meu amigo Albino Cardoso . Corresponderá, talvez, ao local que hoje é conhecido como Quinta do Ribeiro Galego (cf. C.M.P., fl. 180).
A Muxagata, aldeia e sede da freguesia com o mesmo nome, fica situada a cerca de 10 kms. de Fornos de Algodres.
(imagem adaptada do site da CMFA)
É bem conhecida por albergar no seu território o santuário de Nossa Senhora dos Milagres, local de uma das mais afamadas romarias beirãs.[i]
Presentemente, os mais antigos vestígios de povoamento conhecidos naquela zona remontam à época romana. Já Mons. Pinheiro Marques[ii] afirmava: presume-se que na Muxagata e Sobral jazem sepultadas, como em Infias, ruinas de povoações romanas, mas infelizmente não indicou as razões em que se baseava. Igualmente vagos e de difícil comprovação são os informes de João de Almeida, ao afirmar que, na Muxagata, no sítio chamado o Castelo, ... que se levanta no meio da povoação, sobranceiro à ribeira, existem ainda claros vestígios de uma fortificação, que, pela sua natureza e posição, tudo leva a crer teria sido um poderoso castro luso-romano [iii] [iv]. O certo é que ao longo da ribeira da Muxagata têm aparecido diversos materiais atribuíveis a esse período, em especial na zona denominada Trepa e arredores. José Coelho referencia aí o achado de um punhal e uma bacia de bonze[v] e dá também conta do achado de moedas do séc. IV, cerâmica, uma fíbula e objectos de bronze[vi]. Fernando de Almeida relata o aparecimento, no mesmo local, de vestígios de olaria romana e fragmentos de uma patena crismalis[vii]. Em prospecções realizadas pelo GAFAL, foi ali recolhida cerâmica comum e cerâmica de construção e foram identificadas inúmeras pedras almofadadas integradas em muros[viii]. Foi também recolhida perto da Trepa uma ara romana anepígrafa, que está exposta no CIHAFA[ix]. Existe ainda um possível marco romano, na igreja paroquial da Muxagata[x].
Ara romana da Muxagata
Do povoamento da Muxagata durante a alta Idade Média, dão testemunho a sepultura escavada na rocha (antropomórfica) do Carvalhal[xi] e outras duas sepulturas escavadas na rocha na Quinta do Albuquerque[xii].
Porém, para além dos vestígios arqueológicos acima mencionados[xiii], pouco se sabe da história desta freguesia.
Recordam-se os aspectos essenciais referidos por Mons. Pinheiro Marques[xiv]:
(...)
Esta povoação, que por si só constitui, desde tempos remotos, uma freguesia, fica situada ao fundo da serra do Belcaide, junto da ribeira, e por isso bastante doentia e atreita a febres palustres.
Nada se sabe sôbre a origem do seu nome que em 1482 se chamava Mocegata, Muxigata em 1600, e Muxiguata em 1700.
Diz João Maria Baptista, não sei com que fundamento, na sua Corografia Moderna, vol. III, pág. 694, que foi couto e vila. Deve ser engano.
Em 1527 já pertencia ao concelho de Algodres com o nome de moxagata, tendo então 68 moradores ou fogos; em 1747 já tinha 112 fogos e 311 fregueses.
(...).
Na segunda parte destes Apontamentos, serão analisados dois documentos, um do séc. XIII , outro do séc. XVI, que permitem conhecer um pouco mais da história da Muxagata.
(Continua)
Bibliografia e abreviaturas: v. entradas de 2005-05-09.
[i] Cf. MARQUES, 1938, pp. 319-320; RODRIGUES, 2005 e Albino Cardoso, aqui e aqui .
[ii] MARQUES, 1938, p. 40
[iii] ALMEIDA, 1945, pp. 234-235.
[iv] Analogamente ao que tenho vindo a defender em relação ao caso de Algodres, julgo que convirá aprofundar a hipótese de as alusões toponímicas a Castelos, situados em aldeias como a Muxagata ou a Matança (cf. a informação de João Rocha Nunes, em comentário a esta entrada ) se referirem a pequenos redutos defensivos rurais, que, podendo remontar à época do baixo império romano, seriam, mais provavelmente, da alta Idade Média, à semelhança de outros da época da Reconquista que têm sido identificados na região - por exemplo, o Castelo dos Mouros de S. Pedro de Matos (em Forninhos, Aguiar da Beira - cf. COELHO, 1948, pp. 287-288 e pp. 291-293, embora propondo cronologia diversa; LEMOS, 2001, pp. 196-198; MARQUES, 2000b, p. 180; NÓBREGA, 2004, pp. 13-14, que indica mais bibliografia) e, possivelmente, o Penedo dos Mouros (em Gouveia - cf. ANGELLUCI, TENTE e MARTINS, 2004) e o reduto de S. Gens (em Forno Telheiro, Celorico da Beira - cf. LOBÃO, MARQUES e NEVES, 2005).
[v] COELHO, 1947, pp. 223-224, cit. por ALARCÃO, 1988b, p. 60.
(Juiz e Escrivão das Sisas de Algodres em 1557)
O Dr. Pedro Pinto (CEH-UNL), fez o favor de me dar a conhecer, uma vez mais, novas fontes documentais para a história das Terras de Algodres. Reiterando os meus públicos agradecimentos pela sua amabilidade e disponibilidade, transcrevo a informação recebida:
Na Biblioteca Municipal da Guarda, onde está depositada a documentação do município, existe um Livro de Registos Diversos, 1519-1664, onde folios de diversas épocas e proveniências foram cosidos num códice único, e onde nas primeiras dezenas de folhas se encontra o registo de tenças e oficiais de vários concelhos do actual distrito da Guarda para 1557, e a fol. 12v.º lá está Manuel Fernandes, juiz das sisas do concelho de Algodres, que recebia 20 reais por milheiro do que as sisas rendessem cada ano, cujo pai, Fernando Eanes, nele renunciara o dito ofício, isto a 22.5.1557; e no mesmo fol. ainda Duarte Rodrigues, escrivão das sisas de Algodres e Figueiró, que recebia 60 reais por milheiro até atingir os 1000 reais, cujo pai, Gonçalo Fernandes, também nele renunciara o ofício, isto a 3.3.1557.
(Chancelaria de D. João II)
O Dr. Pedro Pinto (CEH-UNL) teve a amabilidade de me informar que já estão disponíveis na TTonline os dados da Chancelaria de D. João II e de enviar os resumos de alguns documentos com interesse para a história das Terras de Algodres, que muito agradeço e a seguir divulgo:
- Chancelaria de D. João II, Livro 14, fol. 100: mercê de tabelião de Fornos de Algodres, dada a Pedro Afonso, 15.12.1488.
- Chancelaria de D. João II, Livro 3, fol. 24: mercê da igreja de Santa Maria de Algodres, dada a João de Melo, 5.8.1482.
- Chancelaria de D. João II, Livro 6, fol. 124: mercê de tabelião de Algodres, dada a Vicente Afonso, 11.7.1482.
- Chancelaria de D. João II, Livro 6, fol. 123: mercê de escrivão das sisas de Algodres, dada a João Fernandes, 24.9.1482.
- Chancelaria de D. João II, Livro 8, fol. 22: mercê de tabelião de Algodres, dada a João Martins, 4.9.1486.
- Chancelaria de D. João II, Livro 9, fol. 39: mercê de coudel de Algodres, dada a Afonso Eanes, 21.1.1491.
- Chancelaria de D. João II, Livro 22, fol. 3: mercê de coudel de Algodres, dada a Álvaro Mendes, 22.4.1484.
- Chancelaria de D. João II, Livro 14, fol. 100: mercê de inquiridor do número de Algodres, dada a Pedro Afonso, 16.12.1488.
- Chancelaria de D. João II, Livro 14, fol. 93: mercê de tabelião de Algodres, dada a Luís Afonso, 8.12.1488.
- Chancelaria de D. João II, Livro 22, fol. 135: mercê de tabelião de Algodres, dada a João Afonso, 24.11.1484.
- Chancelaria de D. João II, Livro 20, fol. 35: mercê de tabelião de Algodres, dada a Gonçalo Barreiro, 15.5.1487.
- Chancelaria de D. João II, Livro 22, fol. 95: mercê de tabelião de Algodres, dada a Fernando Majão, 29.8.1484.
Pelourinho de Algodres (Agosto de 2001)
Este blog comemora hoje o seu segundo aniversário.
Até ontem, foram aqui publicadas 101 entradas e 252 comentários.
Aproveito a ocasião para manifestar o meu profundo reconhecimento a todos os que têm ajudado a manter vivo este projecto, em especial aos meus amigos Alcortex, Albino Cardoso e João Rocha Nunes.
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