A Igreja de Santa Maria Maior, matriz de Algodres, tem dois altares colaterais, presentemente dedicados a Nossa Senhora do Rosário (do lado do Evangelho) e ao Sagrado Coração de Jesus (do lado da Epístola).
Os retábulos desses altares, em talha dourada, foram feitos à custa do povo em 1682[i].
Altar de Nª. Srª. do Rosário - Altar do Sº. Coração de Jesus
Os frontais de ambos os altares laterais estão revestidos com azulejos hispano-mouriscos, de aresta, com motivos fitomórficos. Estes azulejos estiveram cobertos por tábuas, tendo sido postos a descoberto, identificados e referidos pela primeira vez pelo Pe. Luís Ferreira de Lemos, nos anos oitenta do século passado[ii].
Serão, provavelmente, azulejos de produção sevilhana, atribuíveis à primeira metade do séc. XVI[iii].
Frontal do altar do Sº. Coração de Jesus
Frontal do altar de Nª. Srª. do Rosário
A decoração de frontais de altar com azulejos hispano-mouriscos foi bastante comum. Na região envolvente, regista-se, por exemplo, em Aguiar da Beira (Igreja Matriz de Santo Eusébio - azulejos posteriormente retirados e reaproveitados no arco triunfal), em Mangualde (Capela de Nossa Senhora da Piedade, na Igreja de S. João Baptista, em Quintela de Azurara) ou em Seia (Capela de S. Pedro)[iv].
Os azulejos hispano-mouriscos da matriz de Algodres apresentam um estado de conservação não uniforme e diversas incoerências na composição dos painéis, que poderão indiciar a ocorrência de um reaproveitamento, como já foi sugerido[v], ou a inexperiência de quem os colocou. O reaproveitamento deste tipo de azulejos, em igrejas, tem ocorrido, aliás, com alguma frequência, até épocas bem recentes[vi], pelo que essa hipótese é perfeitamente plausível.
Bibliografia: v. entradas de 2005-05-09.
[i] Cf. MARQUES, 1938, p. 293.
[ii] Cf. LEMOS, s/d a.
[iii] Cf.: SIMÕES, 1990, pp. 56 e ss.; MECO, 1985, pp. 8 e ss..
[iv] Cf. SIMÕES, 1990, pp. 118 120.
[v] Cf. FIGUEIREDO, 2004.
[vi] V., por ex., o caso da instalação que foi efectuada, no início do século passado, na Capela dos Tavares, da Igreja Paroquial de Nelas, de um silhar de azulejos hispano-mouriscos, oriundos do famoso revestimento parietal da Sé Velha de Coimbra (cf. SIMÕES, 1990, p. 119).
Estão neste momento a decorrer escavações arqueológicas na aldeia de Algodres (no concelho de Fornos de Algodres) no âmbito das obras para colocação de infra estruturas básicas de saneamento e electricidade. Os trabalhos decorrem nas proximidade da Igreja Matriz e estão a pôr a descoberto o que resta de um cemitério local de cronologias que se estenderão provavelmente desde a Alta Idade Média até ao século XIV.
Cliente: Câmara Municipal de Fornos de Algodres
Coordenação: Inês Mendes da Silva
Responsável técnico: Marina Pinto".
(Nota: foto e informação obtidas hoje no site da ERA Arqueologia, S.A.).
Já lá vão vinte anos.
Em Julho de 1987, António Carlos Neves de Valera e Isabel Maria Alves Estevinha apresentaram o 1º relatório do levantamento arqueológico do concelho de Fornos de Algodres (policopiado).
Este trabalho, que constituía a primeira fase da elaboração da carta arqueológica do concelho, resultou de um acordo celebrado com o município de Fornos de Algodres, em Abril de 1987, visando a inventariação, estudo, preservação e divulgação do património arqueológico concelhio.
A investigação sistemática então iniciada, continuou, ininterruptamente, até ao presente, enquadrada no Gabinete de Arqueologia de Fornos de Algodres (GAFAL).
Seguiram-se, em Julho de 1988, os primeiros trabalhos arqueológicos no Castro de Santiago. Mas essa, é outra efeméride, que os cotas que por lá andaram comemorarão no próximo ano (e de que este blog dará conta, se ainda por aqui andar...).
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