O Dr. Pedro Pinto (CEH-UNL) teve a amabilidade de nos dar a conhecer um artigo da autoria de Cardoso Martha, publicado a pp. 225 do Tomo I (1929) do periódico Feira da Ladra, que a seguir se reproduz:

“A PROPÓSITO DE COMETAS

         A leitura da prosa astronómica, que no terceiro número da Feira publicou o meu amigo Gusmão Navarro, despertou-me a ideia de arquivar aqui o seguinte textual apontamento manuscrito, que leio na guarda de papel branco que forra a pasta interior da encadernação duma Pratica Criminal ... Autor Manoel Lopes Ferreira ... Lisboa Occidental, por Carlos Esteves Mariz, MDCCXLI:

         “Em o Mes de 7br.º da era de 769 a apareceu hum sinal branco comprido o Coal sahia de huma estrela evinha detraz de sete estrelo. No mesmo ano em o mes de Outubro apareceu outro sinal daparte do norte Cor de fogo, m.tº grd.e o Coal sahia de huma estrela e botava dois rayos Cujo metia medo.”

         Por cima dêste aranzel, também em ms., a seguinte marca de posse: “He de Joaõ Ozorio de Castro da V.ª de Alg.es (Algodres?) Comarca de Linhares.”

         Êste sujeito, possivelmente o autor da nota, era um ascendente da ilustre publicista, a Senhora D. Ana de Castro Osório.

         Seria possível identificar êstes dois cometas de 1769?

         Teem a palavra os homens que andam na lua (salvo seja!) e veem os astros por um canudo.

         C. M.”

Anotação:

Compulsada a listagem dos grandes cometas constante de um site da NASA, tudo parece indicar que este relato dá testemunho do avistamento de um único cometa, o Messier (1769 P1).

Segundo Mons. Pinheiro Marques (MARQUES, 1938, p. 228), “em 1774 era juiz ordinário de Algodres João Osório de Castro de Melo Falcão, com solar na vila”. É bem possível que tenha sido esse João Osório de Castro o autor deste curioso apontamento astronómico, lavrado no forro interior da encadernação de um livro jurídico.

Bibliografia e abreviaturas:  v. entradas de 2005-05-09.