História e Património das "Terras de Algodres"
(concelho de Fornos de Algodres)
ed. Nuno Soares
Contacto: algodrense(at)sapo.pt
Quarta-feira, 31 de Janeiro de 2007
Documentos para a história de Algodres (4)

  

 

Juntamente com a transcrição hoje publicada, o Dr. Pedro Pinto teve a amabilidade de nos remeter uma listagem de documentos relativos a Algodres, constantes das publicações das Chancelarias Portuguesas efectuadas pelo Centro de Estudos Históricos da Universidade Nova de Lisboa.

 

 

 

Trata-se de um conjunto documental de inegável importância para a história das Terras de Algodres (exceptuando, talvez, o “Doc. 7”, que poderá ser referente à aldeia de Algodres de Figueira de Castelo Rodrigo).

 

 

 

Tanto quanto sabemos, a generalidade destes documentos ainda não foi objecto de atenção nos estudos até agora publicados, pelo que ficamos a aguardar, com expectativa, os estudos e / ou comentários que os leitores nos queiram enviar.

 

 

 

Transcreve-se a informação recebida:

 

 

 

Doc. 1, 07.02.1362

 

            Carta de confirmaçam dos priujlegios dos moradores d algodres ect

 

            em euora viij dias de feuereiro de mjl iijc lRbiij annos.,,

 

 

 

Publicação: IAN/TT, Chancelaria de D. Pedro I, fol. 41v.º, publicado em Chancelarias Portuguesas. D. Pedro I. Lisboa, Inic, Centro de Estudos Históricos da Universidade Nova de Lisboa, 1984, p. 169

 

 

 

 

 

Doc. 2, 01.09.1364

 

            Carta per que o dicto senhor confirmou e outorgou ao concelho e homens boons d algodres todos seus priujlegios foros liberdades e boons custumes que sempre ouuerom ect

 

            na cidade da guarda primeiro dia de setembro de mjl iiijc e dous annos.,,

 

 

 

Publicação: IAN/TT, Chancelaria de D. Pedro I, fol. 100, publicado em Chancelarias Portuguesas. D. Pedro I. Lisboa, Inic, Centro de Estudos Históricos da Universidade Nova de Lisboa, 1984, p. 432

 

 

 

 

 

Doc. 3, 02.05.1384

 

 

 

doaçam da terra d algodres e fornos e pena uerde e matança a fernam nunez homem etc

 

 

 

            Dom Joham etc A quantos esta carta virem fazemos saber que nos querendo fazer graça e mercee a fernam nunez homem comendador do casal por mujto serujço que nos fez e faz E del entendemos de Receber mais ao / [B] diante E querendo lho nos conhecer com mercees e graças o que cada hu6 senhor he theudo de fazer aaquelles que o seruem bem e lealmente Teemos por bem e damos lhe e doamos lhe e lhe fazemos pura doaçam antre viuos ualledoira pera todo sempre E pera elle e todos aquelles que del descenderem da terra de algodres com seu termo e de fornos e de pena uerde e da matança com todas suas perteenças e de folhadal que he em terra de senhorim, a qual terra lhe damos por Jur d erdade com todas rendas e foros trabutos perteenças e nouos e djreitos assy e pella guisa que a nos auemos e de djreito ou de custume deuemos d auer e mjlhor e mais compridamente se a el mjlhor puder auer Com entendimento que morendo o dicto fernam nunez homem ser [sic] herdeiros que a dicta terra se torne liuremente a coroa dos regnos,

 

            Porem mandamos a quaesquer almoxarifes e scpriuaães que ora sam ou forem ao diante dos almoxarifados onde as dictas terras sam que lhes leixem daquj en diante auer e logar [sic] e posujr a el e a seus herdeiros com todas rendas foros e djreitos trabutos perteenças e nouos E fazer delles e em elles todo o que lhe prouuer e por bem teuer assy como de sua herdade propria

 

            E queremos E outorgamos que o dicto fernam nunez homem per ssy e per sua propria auctoridade que lhe pera esto damos ou per outrem quem lhe aprouuer tome e possa tomar a posse das dictas terras e dos djreitos e perteenças dellas e os aia e logre pera todo sempre elle e seus herdeiros pella guisa que suso dicto he

 

            E em testimunho desto lhe mandamos dar esta nossa carta signada per nos

 

            dante em a nobre cidade de lixboa ij dias de mayo o meestre o mandou afomso martjnz a fez era de mjl iiijc xxij annos.,

 

 

 

Publicação: IAN/TT, Chancelaria de D. João I, Livro 1, fol. 9v.º, publicado em Chancelarias Portuguesas. D. João I. Volume I, Tomo I, Lisboa, Centro de Estudos Históricos da Universidade Nova de Lisboa, 2004, p. 44

 

 

 

 

 

 

 

Doc. 4, 02.12.1384

 

 

 

Que os moradores d algodres posam enleger Jujzes etc

 

 

 

            Dom Joham etc A quantos esta carta virem fazemos saber que nos querendo fazer graça e mercee ao concelho e homeens boons d algodres termo de trancosso Teemos por bem e damos lhe e outorgamos lhe liure poder que elles per ssy enleiam e possam enleger e fazer Jujzes em esse logo d algodres que possam ouujr e liurar e desembargar todollos fectos preitos e demandas do dicto logo d algodres e de seu termo que forem conthia de xx libras afundo E estes Jujzes que assy enlegerem seiam confirmados per o concelho de trancoso cujo termo he

 

            ¶ E outrossy mandamos que as apellaçoões que desses fectos sairem que uaão perante os Jujzes de trancoso e delles vanham a nos

 

            Porem mandamos e queremos que elles possam ouujr e decedir os dictos fectos d algodres e de seu termo nom embargando que esse logo com seu termo seia dado por termo e Julgado a trancoso

 

            ¶ E outrossy per nos seia dado de Jur d erdade a fernam munjz homem comendador do casal nom embargante outros quaãesquer husos custumes foros priujllegios que em contrairo desto seiam os quaães aquj auemos por expresos e nomeados e declarados

 

            E em testimunho desto lhe mandamos dar esta nossa carta

 

            dante em alanquer dous dias de dezenbro o meestre o mandou per o doutor martim afomso da folha e do conselho do dicto senhor nom semdo hi Joham afomso bacharel em degredos a que esto perteentia [sic] bras steuez a fez era de mjl iiijc xxij annos.,,

 

 

 

Publicação: IAN/TT, Chancelaria de D. João I, Livro 1, fol. 68, publicado em Chancelarias Portuguesas. D. João I. Volume I, Tomo I, Lisboa, Centro de Estudos Históricos da Universidade Nova de Lisboa, 2004, p. 260

 

 

 

 

 

 

 

Doc. 5, 14.04.1385

 

doaçam d aldeas ao concelho de trancoso

 

            Carta per que o dicto senhor confirmou h6a doaçam que fez em seendo regedor destes regnos ao concelho de trancoso per que lhe deu por termo e Jurdiçam as aldeas d enfias e figueiroo e fornos segundo se mais compridamente se contem na carta da dicta doacam etc

 

            em cojmbra xiiij dias d abril de j iiijc xxiij annos.,,

 

 

 

Publicação: IAN/TT, Chancelaria de D. João I, Livro 1, fol. 155, publicado em Chancelarias Portuguesas. D. João I. Volume I, Tomo 3, Lisboa, Centro de Estudos Históricos da Universidade Nova de Lisboa, 2005, p. 51

 

 

 

 

 

Doc. 6, 16.01.1391

 

priujllegios d algodres

 

            Carta per que o dicto senhor confirmou e outorgou ao concelho e homeens boons d algodres todos seus priujlegios foros liberdades e boons custumes de que sempre husarom etc

 

            em euora xvj dias de janeiro de mjl iiijc xxix annos

 

 

 

Publicação: IAN/TT, Chancelaria de D. João I, Livro 2, fol. 52, publicado em Chancelarias Portuguesas. D. João I. Volume II, Tomo 1, Lisboa, Centro de Estudos Históricos da Universidade Nova de Lisboa, 2005, p. 247

 

 

 

 

 

Doc. 7, 16.01.1391

 

Priujllegios d algodres e confirmaçam delles

 

            Dom joham etc A uos jujzes de castel Rodrigo e a todallas outras nossas Justiças e outros quaãesquer que esto ouuerem de ueer a que esta carta for mostrada saude

 

            sabede que o concelho e homens boons d algodres nos enujarom dizer que elles ham priujllegio que nemhu6 seu vizinho nom seia ousado de uender nem dar nem doar nem escambar nem emprazar nemh6as casas nem vinhas nem herdades nem ortas nem prados nem outra nemh6a cousa que seia de raiz a Rico homem nem a Rica dona nem a outro nemhu6 homem fidalgo nem aarcebispo nem a bispo nem a frades nem a donas nem a outras hodeens [sic] de clerizia E que qualquer que contra esto for que peite duzentas libras a metade pera nos e a metade pera elles segundo dizem que mjlhor e mais compridamente no dicto priujllegio he contheudo E que o dicto priujllegio lhes foe dado por o dicto lugar seer mjlhor e mais pobrado

 

            E que nos pediam por mercee que lho confirmasemos e mandasemos guardar

 

            E Nos veendo o que nos pediam e querendo lhe fazer graça e mercee visto per nos o dicto priujllegio Teemos por bem E confirmamos lhe o dicto priujllegio que assy sobre esta razam teem

 

e porem uos mandamos que o veiades e lho comprades e guardedes e façades comprir e guardar // pella guisa que em elle he contheudo e lhes nom uaades nem consentades hir contra ello em nemh6a guisa que seia Ca nossa mercee he que lhe seia comprido e guardado

 

            vmde al nom façades

 

            dante na cidade d euora xvj dias de janeiro el rrey o mandou per Ruy lourenço dayam de cojmbra licenciado em degredos do seu desembargo aluaro gonçalluez a fez era de mjl iiijc xxix annos.,,

 

 

 

Publicação: IAN/TT, Chancelaria de D. João I, Livro 2, fol. 52, publicado em Chancelarias Portuguesas. D. João I. Volume II, Tomo 1, Lisboa, Centro de Estudos Históricos da Universidade Nova de Lisboa, 2005, p. 247

 

 

 

 

 

Doc. 8, 25.12.1433 [Estes 2 documentos referem-se à confirmação dos privilégios, foros, liberdades e bons costumes de dezenas de terras]

 

 

 

            Outra ouue o concelho de fornos de cabo d algodres

 

 

 

Publicação: IAN/TT, Chancelaria de D. Duarte, Livro 1, fol. 55, publicado em Chancelarias Portuguesas. D. Duarte. Volume I, Tomo I, Lisboa, Centro de Estudos Históricos da Universidade Nova de Lisboa, 1998, p. 197

 

 

 

 

 

Doc. 9, 25.12.1433

 

 

 

            Outra ouue o concelho d algodres

 

 

 

Publicação: IAN/TT, Chancelaria de D. Duarte, Livro 1, fol. 55, publicado em Chancelarias Portuguesas. D. Duarte. Volume I, Tomo I, Lisboa, Centro de Estudos Históricos da Universidade Nova de Lisboa, 1998, p. 197

 

 

 

 

 

 

 

Doc. 10, 24.3.1435       

 

           

 

            Jtem carta de luis diaz de bairos criado de dom fernando de castro per que o dam por coudell da billa de çatam e de gudufar E de Redemoynhos e de pena uerde e de fornos d algodres e de figueiroo da grania e d enfiaas e de matança e de pena alua e de lodairo e de outelo e de folgasinho da fectura desta carta ataa dous anos e meo assy e pella guisa que ora elle he e o forom os outros coudees dante elle etc em forma

 

            dada em euora xxiiij dias de março Steuam uaasquez a fez Era de mjll E iiijc e xxxb annos

 

 

 

Publicação: IAN/TT, Chancelaria de D. Duarte, Livro 3, fol. 71, publicado em Chancelarias Portuguesas. D. Duarte. Volume III, Lisboa, Centro de Estudos Históricos da Universidade Nova de Lisboa, 2002, p. 409

 

 

 

 



publicado por algodrense às 13:45
link desta entrada | comentar | favorito

2 comentários:
De a. cardoso a 6 de Fevereiro de 2007 às 16:12
Caro Nuno:

Pode realmente o meu amigo ter razao, quando relaciona esse comendador com aquele outro da Ordem de Aviz. No entanto e devido a obscuridade historica acerca de Casal do Monte, nao sera de descartar totalmente a hipotese, de que esse comendador seja da Ordem de Malta, a qual o Casal do Monte pertencia!

Um abraco amigo.


De Nuno Soares a 31 de Janeiro de 2007 às 15:53
Reitero os meus agradecimentos ao Dr. Pedro Pinto pela informação enviada, que, estou certo, será do maior interesse para todos os que se interessam pela história das terras de Algodres.

Com base numa primeira leitura rápida desta documentação – e para incentivar o debate – faço, para já, os seguintes (breves) comentários:

1 - Os documentos com informação mais substancial parecem ser os docs. 3, 4 e 5, emitidos em plena crise de 1383-1385, numa altura em que o Mestre de Avis, procurando sustentar a sua causa, dava aos seus apoiantes “o que tinha e o que não tinha”.

2 - O doc. 3, documenta a doação, em 1384 (e que tem estado ignorada), de Algodres, Fornos, Matança e outras terras da coroa a Fernão Nunes Homem, “comendador do casal”. Deve tratar-se do Fernão Nunes Homem, que foi comendador do Casal, na Ordem de Avis, a quem se referem, pelo menos, os seguintes docs. do IAN/TT: Ordem de Avis, nº 661, de 20 de Fev. de 1396; nº 659, de 24 de Fev. de 1396; nº 615, de 20 de Out. de 1398; nº 645, de 19 de Maio de 1393; nº 630, de 19 de Agosto de 1392 – cits. por Luís Adão da Fonseca, in “Algumas considerações a propósito da documentação existente em Barcelona respeitante á Ordem de Avis: sua contribuição para um melhor conhecimento dos grupos de pressão em Portugal em meados do século XV”, “Revista da Faculdade de Letras – História”, Série II, vol. 01, Porto, Univ. Porto, 1984, p. 30. Esta comenda “do Casal”, será, possivelmente, a que existia em terras da Ordem de Avis situadas na povoação de Casal, do actual concelho de Seia.

3 - Dos docs. 4 e 5 parece poder deduzir-se que Algodres (e seu termo), Infias, Figueiró e Fornos terão sido integradas no termo e jurisdição de Trancoso durante a revolução de 1383-1385. É sabido que Trancoso e o seu alcaide foram valiosos apoiantes da causa de D. João I, o que talvez explique tais mercês (embora mais tarde o alcaide se tenha passado para Castela...). Do doc. 4, resulta, porém, que Algodres continuou a eleger Juízes próprios, com alçada “de xx libras a fundo”. Não se conhecem, para já, os contornos que esta situação terá concretamente assumido, nem quanto tempo durou (desconfio que pouco...), parecendo seguro que Algodres, Infias, Figueiró da Granja e Fornos de Algodres já não estariam subordinados a Trancoso aquando da reforma manuelina.


Comentar post

pesquisar
 
Julho 2022
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2

3
4
5
6
7
8
9

10
11
12
13
14
15
16

17
18
19
20
21
22
23

24
25
26
27
29
30

31


entradas recentes

"Estudantina de Jayme de ...

"Roteiro pré-histórico de...

"Algodres - a aldeia de M...

...

Sobral Pichorro e Fuínhas...

...

Freguesia de Muxagata no ...

...

Freguesia de Maceira no C...

...

links
temas

abreviaturas

algodres

alminhas

anta da matança

anta de cortiçô

bibliografia (a - f)

bibliografia (g - r)

bibliografia (s - z)

bibliografia algodrense

capelas

casal do monte

casal vasco

castro de santiago

cortiçô

crime e castigo

documentos

estatuto editorial

estelas discóides

figueiró da granja

fornos de algodres

fortificações

fraga da pena

fuínhas

heráldica

humor

índice

infias

invasões francesas

juncais

leituras na rede

lendas e tradições

maceira

marcas mágico-religiosas

matança

migração do blog

mons. pinheiro marques

muxagata

notícias de outros tempos

personalidades

pesos e medidas

publicações recentes

queiriz

quinta da assentada

ramirão

rancozinho

sepulturas escavadas na rocha

sobral pichorro

toponímia

vias romanas

vila chã

todas as tags

arquivos

Julho 2022

Maio 2022

Julho 2020

Agosto 2015

Julho 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Março 2013

Maio 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Outubro 2007

Setembro 2007

Agosto 2007

Julho 2007

Junho 2007

Maio 2007

Abril 2007

Março 2007

Fevereiro 2007

Janeiro 2007

Dezembro 2006

Novembro 2006

Outubro 2006

Setembro 2006

Agosto 2006

Julho 2006

Junho 2006

Maio 2006

Abril 2006

Março 2006

Fevereiro 2006

Janeiro 2006

Dezembro 2005

Novembro 2005

Outubro 2005

Setembro 2005

Agosto 2005

Julho 2005

Junho 2005

Maio 2005

blogs SAPO
mais sobre mim
subscrever feeds
Redes

Academia

Facebook

Twitter

LinkedIn

Instagram