Misericórdia de Algodres
Alvará de 2 de Agosto de 1591
Devemos, uma vez mais, ao Dr. Pedro Pinto (do CEH-UNL), o favor de nos enviar o seguinte resumo de um documento do ANTT:
Chancelaria de D. Filipe I, Privilégios, Livro 3, fol. 50:
Alvará concedendo ao provedor e irmãos da Misericórdia de Algodres, a pedido dos oficiais da câmara de Algodres, e após parecer do provedor da comarca de Viseu, que possam usar dos privilégios e liberdades concedidos às Misericórdias das cidades e vilas comarcãs, e que possam ter uma pessoa a pedir esmola para obras de necessidade pelos lugares, com caixetas, enquanto houver por bem.
Lisboa, 2.8.1591.
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Nota:
Uma primeira e breve nota sobre este importante documento:
Tudo parece indicar que se trata de um documento relativo à Misericórdia de Algodres, actual freguesia do concelho de Fornos de Algodres.
Na verdade, a aldeia de Algodres do actual concelho de Figueira de Castelo Rodrigo não seria concelho nem teria “oficiais da câmara” e, até ao momento, também não encontrei qualquer referência a que tenha sido criada uma Misericórdia naquela localidade. Aliás, a “memória paroquial” de 1758 de Algodres de Figueira de Castelo Rodrigo, disponível na TT Online com a refª. PT-TT-MPRQ/2/62, não regista a existência de Misericórdia (deixando por responder o quesito 12). Anoto, em todo o caso, que Júlio António Borges menciona a existência de uma capela “de Santa Cruz ou da Misericórdia” – cf. Figueira de Castelo Rodrigo : roteiro turístico do concelho, Figueira de Castelo Rodrigo, Câmara Municipal, 2ª. ed., 1997, p. 54 – que a “memória paroquial” refere apenas como “capela de Santa Cruz”.
Sendo referente à Misericórdia de Algodres (SCMA), do actual concelho de Fornos de Algodres, este alvará, datado de 1591, concedendo privilégios “ao provedor e irmãos da Misericórdia de Algodres”, vem questionar o que julgávamos saber sobre a criação daquela Misericórdia.
Como é sabido, Mons. Pinheiro Marques indica que a SCMA foi fundada apenas em 1621 e canonicamente instituída em 1622 (cf. Terras de Algodres, 1938, p. 294, citando José Osório da Gama e Castro, Diocese e Distrito da Guarda, 1902, p. 129).
Na “memória paroquial” de 1758 de Algodres, disponível na TT Online com a refª. PT-TT-MPRQ/2/61, afirma-se, diversamente, que a SCMA foi instituída em 1615 (resposta ao quesito 12).
Do presente alvará, parece poder deduzir-se, porém, que a Misericórdia já existiria em 1591, pelo que importará investigar em que momento (do séc. XVI) foi efectivamente criada e as transformações que possa ter sofrido. Talvez o estudo da documentação pertencente à SCMA, incluindo as bulas papais depositadas no Museu da Guarda, possa trazer novos dados sobre esta matéria.
Registo, por último, que a revisão da data de criação da Misericórdia de Algodres poderá, eventualmente, vir a pôr em crise (o que não é ainda o caso do presente documento) alguns dos argumentos cronológicos que têm sido invocados, liminarmente, contra a tese do Prof. José Hermano Saraiva relativa ao “quadro da sacristia” (v. aqui), embora continuem a não ser conhecidos quaisquer elementos que permitam relacionar os 2ºs. Condes de Linhares com a Misericórdia de Algodres ou com a encomenda daquele quadro. A revisão da data de criação da Misericórdia poderá também reforçar a plausibilidade da hipótese - aventada no Inventário do Património Arquitectónico - de o referido quadro ter sido o retábulo-mor inicial da Misericórdia (ainda que noutro templo, não se afigurando provável que o actual possa remontar ao séc. XVI).
Algodres - largo da Misericórdia (Agosto de 2001)
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