Entre 01 e 31 de Julho de 2015, estará patente no CIHAFA uma exposição temática dedicada à União de Freguesias de Sobral Pichorro e Fuínhas, que poderá ser visitada todos os dias das 10:00 – 13:00h. e das 14:00 – 17:00h..
Relação de 1640
Algodres
O Dr. Pedro Pinto (do CEH-UNL) localizou na Torre do Tombo um manuscrito, de 1640, que contém dados de manifesta relevância sobre a demografia e a organização administrativa das localidades à época integradas na Comarca de Pinhel e teve a amabilidade de nos enviar a transcrição da parte do texto respeitante às vilas de Algodres e de Fornos de Algodres.
Agradecendo mais esta colaboração, publicamos de seguida o início do documento e o texto relativo a Algodres, sendo publicada em próxima entrada a parte respeitante a Fornos de Algodres.
IANTT, Manuscritos da Livraria, 488, fol. 102-
Relação das Villas e lugares da Comarca de Pinhel dos vesinhos de cada hum nomes dos povos distancia que ha de huns a outros e à cabeça da comarca, cuia he a jurisdição delles e quantos officios ha em cada hum e quanto rendem, e quantas villas são de donatarios, com os nomes delles, cuja he a jurisdição e datta dos officios delles, e em quanto esta aualiada a honra dos cargos, de juises, vereadores, procuradores do concelho, e almotaçeis, e dos cargos Militares
[…]
/ [fol. 112v.º]
Algodres
Esta Villa de Algodres dista da de Figueiro menos de legua, e da de Pinhel sette, e tem sincoenta e dous fogos ---------------------- 052
Os lugares de seu termo sam os seguintes
[M]aceira – dista da Villa de Algodres huma legua e da de Pinhel seis e tem Nouenta e noue fogos ----------------------------------------------------- 099
[S]oural – dista de Maceira meya legua, e da Villa huma e meya, e da de Pinhel seis e tem outenta e seis fogos ------------------------------------- 086
[Fu]inhas – dista do soural meya legua da Villa duas e da de Pinhel seis e tem sessenta e hum fogos -------------------------------------------------- 061
[Vi]lla cham – dista de Fuinhas meya legua da Villa huma e da de Pinhel sette e tem vinte e sinco fogos ----------------------------------------------- 025
Moxegata – dista de Villa cham meya legua da Villa huma e da de Pinhel seis, e tem nouenta, e hum fogos ------------------------------------------- 091
[Co]rtico – dista de Moxegata meya [legua] da villa huma e da / [fol. 113] De Pinhel seis e meya e tem setenta e dous fogos --------------------- 072
Rancosinho – dista de Cortiço huma legua da Villa meya, e da de Pinhel sette e tem quarenta e outo fogos ------------------------------------------- 048
Casaluasco – dista de Rancosinho hum quarto de legua da Villa mea e da de Pinhel sete, e tem sessenta e hum fogos ---------------------------- 061
Remirão – dista de Casaluasco hum quarto de legua da villa huma, e da de Pinhel sette e tem Vinte e sinco fogos ---------------------------------- 025
A iurisdição desta Villa e seu termo he do Conde de Linhares, e lhe pertence a datta dos officios de justiça della, e por elle se chamão os juises, e mais officiais de justiça, e tem ouuidor, que apura, e confirma as eleiçõis por tambem ser senhor da mesma Villa, e seu concelho, como melhor consta de suas doaçõis
Ha nesta dous juises dous Vereadores, e hum procurador do concelho, que seruem cada anno por pilouro tirado da eleição dos officiais de justiça que se fas de tres em tres annos na forma da ordenaçao e nenhum tem ordenado
Ha os almotaces ordinarios, e que se elegem em camera cada anno, e seruem na forma da ordenação, e custume da ditta villa não tem ordenado
foj aualiada a honra de cada juis em dous mil reis, e a de cada vereador em mil reis, e a de cada procurador em quinhentos reis
foj aualiada a honra de cada almotace em quinhentos reis
Ha hum escriuão da camera sem ordenado cuio officio rendera cada anno quatro mil reis
Ha hum officio de escriuão da almotaceria sem ordenado que rendera cada anno tres mil reis
Ha tres officios de tabalião do publico judicial e nottas sem ordenado rendera cada hum em cada anno seis mil reis
Ha huns officios de enqueredor, contador, e distribuidor sem ordenado, que andão juntos em huma so pessoa renderão cada anno seis mil reis
Ha hum officio de juis dos orfãos sem ordenado algum / [fol. 113v.º] Rendera em cada hum anno quinse mil reis
Ha hum officio de escriuão dos orfãos sem ordenado rendera cada anno trinta mil reis
Ha hum officio de escriuão das sisas com mil reis de ordenado pagos da fazenda de Sua Magestade e os mais prois, e percalços renderão quatro mil reis
Todos estes officios atras carregados e nomeados são da datta do ditto conde de Linhares tirado o de escriuão das sisas que he da data de Sua Magestade
Milicia
Ha nesta Villa, e seu termo capitão mor, e sargento mor tres companhias de infanteria com tres capitãis, tres alferes, e tres sargentos, e os mais officiais militares necessarios pera as dittas companhias, e todos se elegem em camera na forma do regimento das ordenanças, e nenhum delles tem ordenado prol nem percalco
foy aualiada a honra de capitão mor em dose mil reis e a de sargento mor em seis mil reis
foj aualiada a honra de cada hum dos dittos capitãis em seis mil reis, a de cada Alferes em tres mil reis, e a de cada sargento em mil e quinhentos reis --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
[…]
(Nota: algumas das formatações do texto não puderam ser transpostas para o blog).
(colaboração de Albino Cardoso)
Pelas Inquirições de D. Afonso III, de 1258, sabe-se que no limite do antigo concelho de Algodres já existia a aldeia do "Soveral" (presentemente Sobral Pichorro), por essa altura pertença da Igreja de "Sancta Maria" daquela vila, o que pressupõe que não possuísse paroquial por essa altura.
Não tenho nenhum conhecimento de que nessas Inquirições haja alguma referência à aldeia de Fuinhas. De facto essa aldeia então não existe, pois aquando da instituição da freguesia de Funha (hoje Fuinhas), creio que no século XV ou XVI (já existia em 1526, no Cadastro da População do Reino, de D. João III) era constituída pelos lugares de: Corugeira, Lameira, Casas e Santo.
É muito provável que, no século XIII, a área da actual freguesia de Fuinhas estivesse incluída na área da aldeia do "Soveral". Esta minha suposição baseia-se nos seguintes factos:
- Devido a ter sido propriedade da referida igreja de Santa Maria, de Algodres, ainda no século XVIII todos os habitantes do Sobral tinham que ir em voto aquela igreja, no dia 15 de Agosto e oferecer ao Vigário daquela igreja um frango ou galinha, como reminiscência do pagamento dos foros devidos pelo uso da terra (v. Mons. Pinheiro Marques, Terras de Algodres, pág. 290);
- Acontece que este mesmo voto e pagamento, tinha que ser feito também pelos moradores das Fuinhas (Mons. Pinheiro Marques, Terras de Algodres, pág. 290);
- Enquanto todas as freguesias do concelho de Algodres, sufragâneas da de Santa Maria, tinham que cumprir aquele voto, esse pagamento era unicamente feito pelos moradores do Sobral e Fuinhas;
- Ainda hoje o orago das paroquiais de Fuinhas e Sobral é o mesmo: "Nossa Senhora da Graça", o que é anormal para duas igrejas vizinhas e tão próximas;
- De notar, também, que embora essas paróquias possam ter tido oragos diferentes dos actuais, embora não conhecidos, estes denotam uma antiguidade pouco remota, pelo que o mais provável é que estas igrejas tenham sido fundadas já na idade moderna" (a igreja do Sobral Pichorro é barroca).
As únicas reticências posso encontrá-las no facto de a igreja das Fuinhas possuir rasgos do "Românico simples", mas isso, por si só, não indicia que seja da época medieval. O mais provável é que tenha sido construída mais tarde, copiando igrejas existentes na região, comprovadamente muito mais antigas, casos de Queiriz, Vila Chã, Cortiçô, Muxagata, etc., templos comprovadamente medievais.
A ser assim, o templo mais antigo na área das actuais freguesias do Sobral Pichorro e Fuinhas é, sem dúvida nenhuma, a capela de Santo Cristo, no Sobral. É uma pequena capela romano-gótica, que embora lhe tenham agregado registos "jesuíticos", possui ainda muito da sua primitiva traça. Pena é que algumas pedras que fariam recuar a fundação à época "visigótica", presentemente se encontrem irreconhecíveis, pois, tendo-se reconstruído a fachada na primeira metade do século XX, procedeu-se a algumas modificações bem desnecessárias. No entanto, essas pedras ainda podem ser vistas numa fotografia tirada nessa altura (pode ver-se no sitio: www.monumentos.pt).
No interior dessa capela em Sobral Pichorro, encontra-se um túmulo, com estátua jacente, que se supõe ter sido do fundador da capela. Ora, sabendo-se da existência da família "Soveral" na vizinha aldeia de Vila Chã, em épocas anteriores ao século XVI, será que esse túmulo é de algum Soveral, que tenha dado ou recebido o nome desta antiquíssima aldeia?
2006-08-30
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