(colaboração de Albino Cardoso)
Continuando a focar as evidências de vias romanas no concelho de Fornos de Algodres, vou-me hoje referir à ponte de entrada da Matança, sobre a ribeira das Forcadas. Já na entrada anterior me referi à via Viseu - Trancoso, que entrava na Matança pela ponte de dois arcos sobre o rio Carapito. Ora se esta via em direcção ás Forcadas era na direcção Este - Oeste, para onde seguiria a estrada que junto à igreja atravessava a referida ponte de um arco, em direcção Norte -Sul?
Sempre tenho lido ou ouvido que em Infias se cruzavam ou bifurcavam duas estradas romanas, no entanto, em trabalhos melhor documentados, só há referência à estrada que de Viseu se dirigia a Celorico, por Infias e Fornos. Embora sem certezas absolutas, creio que a referida ponte servia uma estrada secundária, que passando por Furtado (onde existe uma ara romana) e Rancozinho, provavelmente "villae" romanas, se dirigia a Infias.
É de supor, também, a existência de uma outra que ligaria Algodres (onde recentemente foram encontradas moedas e outros vestígios romanos) a Celorico por "Cortiçolo" (Cortiçô de Algodres), "Vila em terra cham" (Vila Chã de Algodres) e "Muxigoata" (Muxagata de Algodres), "vllae agricolas". Esta ligaria à anterior provavelmente no Rancozinho, ou de aí viria a Algodres, de onde seguiria a Infias.
Estudando a toponímia tem-se chegado à conclusão que o topónimo "Forcadas" derivará de um entroncamento, ou "forca viária". Sendo assim e para cobrir todas as conhecidas evidências romanas no nosso município, faltaria uma via a ligar a Queiriz, onde foram encontradas lápides e aras romanas, havendo ainda hoje restos de calçadas e uma construção identificada por: "Castelo" que se supõe ser uma estrutura defensiva datando da romanização.
Essa via secundária sairia da já referida via Viseu - Trancoso e "forcaria" nas Forcadas em direcção a Maceira e Queiriz, entroncando na via Braga - Egitânia - Mérida, já no território do actual concelho de Trancoso.
Haveria provavelmente alguns outros caminhos a ligar as várias "villae" dos quais há ainda alguns vestígios, mas os referidos deveriam ter sido os principais, nas mais tarde chamadas: "Terras de Algodres".
2005-12-05
Calçada romana - Fornos de Algodres (foto tirada daqui)
(colaboração de Albino Cardoso)
Consultando documentos e informações, sobre as vias romanas conhecidas na nossa região, ficamos a saber que existem vestígios e documentos que referem pelo menos duas estradas romanas, com passagem no que é hoje o concelho de Fornos de Algodres.
Uma delas era a que de Viseu se dirigia a Trancoso, onde entroncava na via "Bracara Augusta" (Braga) - Egitânea (Idanha) - Mérida, e passava por Matança, Forcadas, Alpedrinha (Maceira), Quinta da Mata Gata (Mata) e Sobral Pichorro.
A outra, vinda também de Viseu, dirigia-se a Celorico, passando por Infias, Fornos, Figueiró da Granja e atravessava o Mondego, já no concelho de Celorico, pela ponte da Lavandeira, entroncando também na referida via Braga - Mérida.
Em nenhum dos trabalhos sobre as vias romanas por mim conhecidos, são referidas as travessias do rio Mondego pelas pontes romanas de: "juncaes" (Juncais) e da Ponte Nova, talvez pelo facto de que dessas construções já nada resta, pois foram destruídas aquando da terceira invasão francesa, em 1810. As pontes existentes, a de Juncais foi construída em meados do século XIX, durante o governo de Costa Cabral (natural de Fornos de Algodres), e a da Ponte Nova já na ultima metade do século XX.
Quanto a via romana que atravessava a ponte de Juncais, pelos restos de calçada existentes junto a Fornos Gare, e a outros agora soterrados pela nova Avenida 25 de Abril, em Fornos, mas que ainda se podiam ver na década de setenta do século passado, somos levados a concluir que, da via Viseu - Celorico, em Fornos partia outra em direcção a Linhares, que passando pela referida ponte seguia por Juncais e Mesquitela.
Já da que atravessava o Mondego na Ponte Nova, suponho que derivaria da referida via Viseu - Celorico, partindo da Várzea de Tavares, passava pela Ponte Nova, Vila Franca da Serra, Vila Ruiva da Serra e Carrapichana, onde se juntaria a via Viseu - Linhares ou à anterior vinda de Fornos.
Estas vias romanas, embora de certa forma secundárias, vêm no entanto dar relevo ao facto de que havendo férteis vales junto aos nossos rios e ribeiras, o nosso município já era muito povoado durante a romanização. Embora se não conheçam vestígios de nenhuma "civitas", estão documentadas pelo menos as "viccus" (aldeias) de "Alboni" (Infias) e "Torre" (Figueiró da Granja), e, não havendo nenhuma mais, havia inúmeras "villae" (propriedades agrícolas) de onde mais tarde evoluiram as nossas aldeias e vilas, pois em quase todas elas há referências toponímicas e documentos arqueológicos que o comprovam.
2005-11-14
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